quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Nicolas Sarkozy

Mais uma caricatura que foi publicada na MAGAZINE-GRANDE INFORMAÇÃO. Raramente fico satisfeito com um boneco. Acho sempre que podia ficar melhor. Mas este Sarkozy, apesar de encontrar alguns defeitos que não vou dizer quais, é dos bonecos que mais se aproximou do que pretendi fazer. Enviei-o para o World Press Cartoon e foi exposto juntamente com a nata do cartoon mundial. Também me permitiu assistir à cerimónia de entrega de prémios com o Rui Veloso a cantar, o Pedro Tochas e mais uns cómicos ingleses a fazerem macacadas. O texto está desactualizado, foi feito antes da Carla Bruni aparecer em cena. Mas aqui vai ele a título póstumo:

Sarkozy

Tomaram a Bastilha, decapitaram o rei, derramaram um mar de sangue e no fim sobraram três palavras... Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Três palavras difíceis de interiorizar e já lá vão mais de duzentos anos. Todos nós devíamos fazer revoluções francesas interiores com alguma regularidade e pôr em prática na nossa vida tão nobres ideais.
Tiro o chapéu aos franceses por terem acabado com o antigo regime e por teram dado início a uma nova era mais liberal apesar de andar por aí muita gente armada em absolutista.
A cultura francesa é ríquissima mas é redundante e perigoso fazer elogios a chauvinistas encartados. Por mais contributos que tenham dado à história da humanidade, a falta de modéstia deste povo irrita a vizinhança. Ninguém gosta de gente convencida. O reverso da medalha desta atitude tão egocêntrica é que vão perdendo influência no mundo. Estão em plena crise existencial, obcecados com o seu umbigo e a lamberem as feridas do passado (ainda não superaram o trauma da segunda guerra e da linha Maginot).
Os portugueses não morrem de amores pelos franceses e vice-versa. É como o fenómeno dos gatos. Imensa gente detesta gatos sem razão aparente. Esta embirração deve vir desde o tempo em que nos invadiram. Apesar de emigrarmos em catadupa para França está mais ou menos instituído um desprezo mútuo.
Mais recentemente no futebol, também temos motivos para não gostar dos gauleses. A selecção francesa é a nossa besta negra e despacham-nos sempre para fora das competições oficiais.
Quanto a este novo presidente que aparece agora em cena com grande pompa e circunstância, para além de ter uma boa cara para a cariacatura, (os cartunistas franceses adoram o modelo Sarkozy), ainda está muito verde para concluírmos se tem ou não apetência para o cargo. À primeira vista parece ser um tipo muito descontraído. Não me esqueço das imagens de um recente encontro entre o Cavaco Silva e o Sarkozy. Um parecia uma estátua que tinha engolido um pau de vassoura e o outro, tal era o “à vontade”, parecia um galã do cinema francês, tipo Jean Paul Belmondo.
O facto de ser ambicioso, hiperactivo e viciado em trabalho pode ajudá-lo a encarar o que o espera pela frente, mas colocarem-no na mesma categoria do Le Pen não augura nada de bom. Adoptou uma política dura em relação à imigração e chamou ralé aos jovens delinquentes dos subúrbios. Se for excessivamente rigoroso com os imigrantes, ele próprio, com a sua costela hungara, corre o risco de ser extraditado.
Mas já sabemos o que acontece às promessas antes das eleições. O poder seduz e transforma as pessoas. Os seus propósitos e intenções vão-se moldando ao sabor da escravatura da popularidade, dos media e da opinião pública. Para já, quem parece estar a dar cartas é a sua mulher, convertida recentemente em resgatadora de enfermeiras búlgaras. Esperemos que tenha alguma mão no marido e que o vá pondo no lugar sempre que for preciso.
Para já Sarkozy é notícia pelas férias principescas que tem tido. Tudo bem, cada um tira as férias que quiser. Mas não espere que alguém o leve a sério quando pedir sacrifícios ao povão.

4 comentários:

Pedro disse...

... e aquela cena do "touche pas, tu me sales"?

Anónimo disse...

Está brutal. Ficamos à espera da caricatura - corpo inteiro - da Carla Bruni Tedesco Sarkosy...
Abraços

Anónimo disse...

Este Senhor Sarkosy prometeu prometeu, mas afinal nao passa de um comunista como todos os outros que por lá passaram. Gosto da ilustração mas acrescentava uma foice e um martelo.

Carlos Pavão

Anónimo disse...

Para mim, era uma personagem antipática desde sempre e, com não podia deixar de ser, desceu ainda mais baixo quando se envolveu com a Carla Bruni. Mas ainda espera que o levem a sério?... Que palhaço!